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Birras

As birras temperamentais são horríveis. Mas são normais.

Fazem parte de uma fase do crescimento, que todas as crianças atravessam.

Elas geralmente acontecem entre os 18 meses e os três anos de idade, quando a criança começa a querer de afirmar contra você e contra o mundo, quando ela gosta de dizer “não”, quando se mostra decidida a fazer as coisas do jeito dela.

A primeira coisa que você precisa saber é que as birras não duram muito. Quanto mais você puder ignorá-la, mais cedo se acabam.

A criança que está sempre ativa, disposta a não perder nada, cheia de energia e exuberância é a que mais tende a fazer birras. Principalmente se os pais forem severos e perfeccionistas, preocupados com tudo o que ela faz, receosos de terem um filho que “se safa de tudo impunemente”.

A primeira birra com força total pode ser pavorosa. De repente, o seu queridinho fica vermelho de raiva, atira tudo que tiver á mão, esperneia, empaca, ou deita-se no chão, batendo os punhos, aos berros, chamando a atenção da vizinhança toda. Quando isso acontece num supermercado, ou numa rua movimentada, você tem vontade de sumir.

E aí, o que fazer?

Ignore-o mais que puder. Não grite com ele.

Não lhe bata. Não ceda á sua exigência. Não tente explicar nada. Não se aflija.

Se a cena se der em público, não há muito que fazer senão sorrir e aguentar firme, tentar distrair a criança e dar o fora dali com ela o mais depressa possível.

Não fique pensando que precisa punir seu filho para dar satisfação aos outros. Isso não vai fazê-lo parar. E quem já passou por isso compreenderá.

Evidentemente, em casa é mais fácil. Aí você pode simplesmente sair de perto. Ou pegar a criança com firmeza e pô-la no seu quarto. Poderia dizer: “Essa gritaria me incomoda os ouvidos”, e sair de perto.

Sem plateia não há espetáculo. E não comente o fato, mais tarde na presença do protagonista. Ele continuará repetindo o ato se descobrir que pode torna-se, assim, o centro das atenções.

O problema das birras é que geralmente acontecem quando você e a criança estão no fim da corda - depois de uma ida á cidade, cansativa para você e tediosa para ela. Ou depois que você passou o dia todo limpando a casa, tropeçando nos brinquedos e aguentando tudo esportivamente até que, afinal, exausta, você perde a paciência justo quando mais precisa dela, na hora de pôr a criança na cama.

Mas tente manter a calma. Vale a pena, realmente.

A melhor tática é tentar distrair a criança. Pense logo em alguma coisa que desvie a sua atenção antes que a birra atinja força total.

Dance (impraticável no supermercado!), abaixe como se fosse pegar alguma coisa no chão e finja escondê-la, corra para olhar pela janela, faça qualquer coisa que leve o menino a parar o berreiro.

Não se trata de “ceder”. Você não pode obrigar uma criança a parar com a birra. Esse é uma fase que não dura muito. Você não estará criando um mau hábito se conduzir afavelmente a passagem da criança por essa fase. O melhor de tudo é prevenir-se. Se você tem que levar a criança com você quando sai para fazer compras, e sabe que vai demorar, leve uma sacola com lanche ou brinquedo favorito. Se você sabe que ela gosta de se vestir sozinha ou de subir no carro sem ajuda, não a vista e nem a carregue como se fosse um pacote. Dê-lhe para fazer tudo isso sozinha.

E uma vez acabada a birra, console-a com um abraço carinhoso, ou ficando algum tempo junto dela – ela pode ter se assustado com a força de sua própria fúria. Não lhe dê pirulitos, ou seja, lá o que for que ela estivesse exigindo aos berros – dê-lhe um pouco de você mesma.

Depois, pense um pouco qual foi o motivo da birra. Era preciso mesmo impedir a criança de fazer o que estava fazendo – ou era você que estava com pressa? Ela estava mesmo estragando as coisas – ou era você que não aguentava ver as coisas em desordem?


Fonte: Trish Gribben – Pijama não é o problema.



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